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Primeira Casa da Rua

SE O TEMA É DESIGN SUSTENTÁVEL, DECORAÇÃO SUSTENTÁVEL OU DIY PARA A CASA, ENTÃO ESTÁ AQUI!

A beleza de fazer, a alma do luxo

À medida que desenvolvo um novo projeto, dou por mim cada vez mais atraído pela força silenciosa do saber-fazer: o gesto humano, a paciência e o detalhe. Em Portugal, “saber fazer” não é apenas uma competência, é uma forma de ver o mundo. Carrega histórias de famílias, de gerações e de lugares onde as mãos sempre falaram mais alto do que as palavras.

O verdadeiro luxo começa aqui, na intimidade entre o artesão e a matéria, nesse tempo invisível que molda algo com significado e permanência. Num tempo dominado pela velocidade e pela tecnologia, este ritmo humano tornou-se quase sagrado. Lembra-nos que o refinamento não está na perfeição, mas na presença.

Para mim, os artesãos portugueses representam a essência desta verdade. O seu trabalho reflete não só herança, mas também resiliência, a coragem de preservar a beleza num mundo que tantas vezes esquece o valor da lentidão. Cada peça que criam guarda uma memória, uma identidade, e uma alma que nenhuma máquina poderia reproduzir.

Enquanto continuo o meu percurso criativo, sinto uma responsabilidade profunda: honrar e reinterpretar este legado, trazendo o saber-fazer português para uma nova luz, onde o design e a emoção coexistem com propósito.

Porque o luxo, na sua essência, não é sobre excesso, é sobre significado, e o significado, esse, será sempre feito à mão.

O luxo verdadeiro nasce do gesto humano, da paciência, da matéria e do tempo que transforma o fazer em arte.

 

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Em casa, o conforto é uma luz

O outono entra e a casa muda de pele: mais texturas, menos pressa.

Há alturas do ano em que a casa pede outra linguagem. Novembro é uma delas. As cores lá fora mudam, o ar torna-se mais denso, e de repente apetece-nos o interior, literalmente. É o mês em que os tecidos ganham peso, as luzes descem de tom e as mesas voltam a reunir histórias.

A decoração não precisa de uma revolução para acompanhar a estação, basta um ajuste de temperatura:

  • Trocar a leveza do linho pelo toque quente da lã. Uma manta dobrada no sofá ou uma almofada com textura já fazem o convite ao descanso.

  • Trazer camadas de luz. Um candeeiro de pé ao lado do sofá, uma vela discreta sobre a mesa, uma fita LED oculta a desenhar sombra. O segredo está no contraste — não em mais luz, mas em luz melhor.

  • Escolher tons que respirem outono. Terracotas suaves, beges quentes, azuis fumados. Cores que parecem ter sido filtradas pela tarde.

  • Misturar materiais honestos. Madeira, cerâmica, ferro, vidro soprado. O toque humano continua a ser o melhor antídoto contra o frio.

À medida que o tempo abranda, a casa aproxima-se de nós, é curioso como o conforto raramente vem do que é novo, mas do que está no lugar certo,  um tapete que absorve o som, uma mesa que ganha patina, um candeeiro que cria intimidade.

Há quem mude as cortinas, eu prefiro mudar o olhar, a decoração é isso mesmo: a arte de reencontrar o que já está cá, de o ver com luz diferente. Quando o outono chega, a decoração não se renova, fica mais quente.

O conforto é uma luz que pousa devagar.

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O Luxo Invisível

Entre o ruído e o excesso, o luxo silencioso ganha lugar.

Durante muito tempo confundimos luxo com brilho, com peso, com marca, com preço, mas há um luxo mais subtil, o que não se nota, sente-se. É o som do tecido ao dobrar-se, a textura de um copo bem soprado, o silêncio de um espaço bem desenhado.

O luxo invisível não quer ser fotografado. Quer ser vivido. É o conforto que não precisa de explicação, a proporção certa que acalma sem que saibamos porquê. Um quarto com cheiro a sabão e lençóis lavados ao sol vale mais do que qualquer hotel.
E um jantar em boa companhia é mais precioso do que qualquer serviço de prata que não tenho historia para contar.

O luxo de hoje é tempo, calma e clareza, talvez, sempre tenha sido.

O luxo verdadeiro é o que não se exibe, é o que se sente.

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A Casa que Respira

Quando o espaço vive connosco, há menos ruído e mais presença.

Gosto de pensar que uma casa deve respirar como uma pessoa. Precisa de ar, de luz, de silêncio. De tempo.
Quando a sobrecarregamos, com móveis, com cores, com pressa, ela perde voz, mas quando a deixamos respirar, devolve-nos calma.

Há detalhes que fazem a diferença: o som da madeira quando se caminha descalço, o cheiro da terra húmida num vaso, a luz que atravessa a cortina de linho ao fim da tarde, esses pequenos gestos, quase invisíveis, são o verdadeiro luxo, não custam mais, exigem apenas atenção.

A casa muda quando nós mudamos. O que era essencial há cinco anos pode já não fazer sentido hoje, habitar é editar, é saber o que fica e o que parte, é um exercício silencioso de presença. 

Uma casa equilibrada não mostra, acolhe.

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21 de setembro - O Dia em que Celebro o Tempo

Há momentos na vida que funcionam como uma espécie de balanço silencioso. O meu aniversário, a 21 de setembro, marcou o fecho de mais uma década, e com ele veio a necessidade de olhar para trás, não como quem conta anos, mas como quem reconhece o caminho.

Foram anos de construção, de risco e de transformação. De projetos que começaram como ideias soltas e se tornaram matéria; de colaborações que deixaram marca; de desafios que me obrigaram a reinventar a forma de criar. Cada etapa teve o seu ritmo, o seu propósito e a sua aprendizagem. No fundo, foi uma década a descobrir como dar forma ao tempo.

Hoje percebo que o verdadeiro luxo não está na pressa de chegar, mas na coerência de continuar. Há um valor enorme em fazer bem, em fazer com sentido, em escolher com clareza o que fica e o que se deixa ir. O tempo é o melhor filtro: revela o essencial e apaga o que era apenas ruído.

Fechar uma década não é um ponto final — é um recomeço com outra consciência. É perceber que a energia que nos trouxe até aqui já não é a mesma de que precisamos para o que vem a seguir. É a oportunidade de criar com mais precisão, mais propósito, mais calma. Menos quantidade, mais substância. Menos urgência, mais verdade.

Entro neste novo ciclo com gratidão por tudo o que construí e com a curiosidade intacta de quem ainda quer descobrir o que o tempo pode desenhar. Continuar a criar com propósito é, no fundo, a forma mais bonita que conheço de celebrar o tempo.

Fechar uma década é mais do que olhar para trás, é escolher o que merece continuar.

 

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O Tempo das Coisas

Nem tudo precisa de ser novo. Às vezes, basta continuar.

Há uma ternura em deixar as coisas envelhecer. Uma cadeira que já não é perfeita, um prato com uma lasca quase imperceptível, uma toalha antiga que se tornou ainda mais macia.
Chamamos-lhes “usadas”, mas talvez devêssemos dizer “vividas”.

O tempo imprime beleza onde a pressa só vê defeito. A madeira ganha brilho, o ferro oxida em tons de cobre, a cerâmica revela microfissuras como rugas de expressão. E há nisto qualquer coisa de profundamente humano: o imperfeito torna-se verdadeiro.

Vivemos cercados por objetos descartáveis, mas o luxo — o verdadeiro — é o da permanência. Um copo de cristal herdado, uma peça feita à mão, uma mesa que acompanhou várias casas. São âncoras. Lembram-nos que nem tudo precisa de ser substituído para continuar a ser belo.

Na casa, como na vida, há uma elegância em aceitar o que já é, as coisas belas não se medem pelo brilho, mas pela história que guardam.

 

 

Um novo capítulo académico

Nunca associei luxo a ostentação. Para mim, o verdadeiro luxo sempre esteve mais próximo do silêncio, da intenção e da beleza discreta das coisas bem feitas. Talvez por isso faça tanto sentido estar agora a estudar Luxury Management no Politécnico de Hong Kong.

Este curso — que tenho a sorte de frequentar à distância, a partir de Lisboa — não é apenas sobre marcas ou estratégias. É sobre compreender o luxo como cultura, como gesto, como ética. Estamos a falar de matérias-primas, sim. Mas também de património, de inovação, de sustentabilidade, de identidade. E, sobretudo, de propósito.

Não é por acaso que me inscrevi. Esta formação surge num momento em que tenho sentido necessidade de aprofundar ideias, de dar nomes àquilo que há muito intuo como criador. De perceber como se constrói um verdadeiro ecossistema de valor à volta de um objeto, de uma experiência, de um espaço. Como se comunica aquilo que não se vê mas se sente.

Aprender, quando é mesmo a sério, transforma, e o luxo, o verdadeiro, também.

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Design Biofílico: Os Princípios que Aproximam a Casa da Natureza

Num tempo em que passamos cada vez mais horas dentro de portas, o design biofílico surge como resposta essencial ao nosso desejo profundo de reconexão com a natureza. Um tema que venho a estudar e a por em pratica desde há muitos anos. o design biofilico, mais do que uma tendência, é uma filosofia que transforma os espaços em lugares vivos, acolhedores e regeneradores.

O que é o Design Biofílico?

O termo "biofilia" significa literalmente "amor à vida", uma afinidade inata que temos com a natureza e todos os sistemas vivos. O design biofílico procura traduzir essa ligação para os espaços construídos, criando ambientes que nutrem o bem-estar, a criatividade e a saúde.

Os 6 Princípios Básicos do Design Biofílico

  1. Conexão visual com a natureza
    A presença de vistas verdes, plantas naturais ou elementos de água reduz o stress e melhora a concentração. Um simples vaso com uma planta autóctone pode ter um impacto surpreendente.

  2. Conexão não-visual com a natureza
    Sons suaves (como água a correr), aromas naturais (madeira, terra, ervas), texturas orgânicas – tudo contribui para uma experiência sensorial completa.

  3. Variedade e complexidade natural
    Tal como num bosque, os espaços biofílicos evitam o excesso de simetria e apostam em padrões inspirados na natureza – fractais, repetições subtis, texturas com profundidade.

  4. Luz natural e dinâmica
    A luz do sol a mudar ao longo do dia cria ritmos biológicos saudáveis. Cortinas leves, claraboias ou jogos de sombra e luz ajudam a evocar esta dinâmica natural.

  5. Presença de materiais naturais
    Madeira, pedra, cerâmica artesanal, linho, algodão cru – materiais que contam histórias e envelhecem com dignidade, reforçando o sentimento de autenticidade.

  6. Sentido de refúgio e abrigo
    O design biofílico cria espaços que nos fazem sentir protegidos, como se estivéssemos num ninho. Um canto de leitura com iluminação suave ou um recanto com vista para o exterior são exemplos simples.

Ao integrar estes princípios, não criamos apenas casas mais bonitas – criamos lugares com alma. O design biofílico não é sobre imitar a natureza, mas sobre trazer o seu ritmo, textura e poesia para o nosso quotidiano.

 

MONOLITHS - Quando a Pedra Fala

Há momentos em que o design não nasce de uma tendência, de um briefing ou de uma necessidade funcional. Nasce do silêncio, do tempo, do respeito por uma matéria que já cá estava antes de nós.

Monoliths é isso, um gesto escultórico em forma de banco. Uma homenagem à pedra como presença viva, como testemunha de tudo o que é essencial: o peso, a forma, a textura, a memória.

Cada banco não é só um objeto, é uma pausa, é um corpo que se integra no espaço como se sempre lá tivesse estado. As linhas são orgânicas, quase como se tivessem sido esculpidas pelo vento ou pela água, há erosão, há suavidade, há brutalismo poético. O resultado é duro, mas não é frio. É firme, mas nunca pesado. É matéria, mas também intenção.

Inspirado na estética biofílica, Monoliths liga o espaço ao chão, e o olhar à natureza. São peças que não pedem protagonismo, mas que impõem respeito. São bancos, sim. Mas também são âncoras. São raízes. São lugares.

Acredito profundamente que o design tem o poder de transformar a atmosfera de um espaço sem fazer "barulho", estas peças são exatamente isso: presença silenciosa, é esse silêncio que me interessa cada vez mais.

Na revista Green Savers - Portugal tem um enorme potencial para liderar no design biofílico

Fui recentemente entrevistado pela revista Green Savers sobre um tema que me apaixona profundamente: o design biofílico.

Nesta conversa, exploramos de que forma o design inspirado na natureza pode promover bem-estar, equilíbrio e sustentabilidade.

Um agradecimento especial à equipa da Green Savers por esta oportunidade de partilhar a minha visão.